Solitude não é solidão
Dia desses, descobri que passei anos sonhando sozinha. Presa, tal e qual o Tom Cruise, num céu de baunilha que só exista na minha cabeça. Perdi muita coisa, mas há duas que simplesmente não podem ser recuperadas: a mim e aos anos da minha juventude. Anos e anos no auge da energia, da beleza e do vigor sonhando sonhos que não me pertenciam. E assim, sonhando o que não era meu, eu perdi a mim mesma. Me perdi num labirinto estranho de solidão, dedicação, autossabotagem e entrega infrutífera. Perdi os meses da minha gravidez. Meus sonhos profissionais. Meus planos da jovem impávida que um dia eu fui. Minha liberdade - que, à época, eu nem sabia que possuía. Já falei tanto aqui sobre caber em caixas. E eu me tranquei nessa caixa de sonhos alheios achando que meu céu de baunilha era de mais alguém. Não era. Nunca o foi. Minha dependência emocional e o machismo com o qual fui criada jamais me permitiram entender que eu precisava dar meu grito de independência. Como foi ruim perceber que eu